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Conheça Gonzaguinha, grande compositor e cantor brasileiro conhecido como “Cantor Rancor”.

Filho do grande rei do baião, Luiz Gonzaga, e da dançarina, Odaléia Guedes dos Santos, nasceu no dia 22 de setembro de 1945 e acabou perdendo a mãe aos dois anos de idade para a tuberculose, doença que ele veio a sofrer também mais tarde.

Após a morte da mãe, o pai se casa com outra mulher que rejeita Gonzaguinha, que passa a morar com seus padrinhos, que o ensinam a tocar violão. Durante a sua adolescência, frequentou vários colégios internos por conta de sua indisciplina e sua relação ácida com seu pai

Aos 14 anos, contraiu tuberculose pela primeira vez e também escreveu sua primeira música Lembrança de Primavera, confira:

Luiz Gonzaga e Luiz Gonzaga Jr – Lembrança de Primavera

No começo de sua carreira artística, trazia um tom muito mais agressivo e sociopolítico, que o prejudicou muito na questão comercial, motivo que o fez repensar a forma que suas músicas se apresentavam, trazendo um tom muito mais melódico e apelativo-romântico, consequentemente caindo nas graças do povo e tendo suas composições regravadas por grandes nomes da MPB, como Gal Costa, Maria Bethânia, Elba Ramalho entre outros.

Por conta de seu tom agressivo nas músicas de teor político-social, ganhou o apelido de “cantor rancor”, sendo o queridinho do DOPS, Departamento de Ordem Política e Social, braço direito da ditadura no processo da censura artística, tendo 54 das suas 72 músicas censuradas por este órgão durante o processo ditatorial.

Gonzaguinha e tantos outros artistas brasileiros utilizaram de figuras de linguagem, como a metáfora, para fugir dessa censura e ainda assim criticar o regime, como apresentado em Luiz Gonzaga Jr, Gonzaguinha usou de abstrações, como em Pobreza Por Pobreza nos versos “E a mão é sempre a mesma // Que vive a me explorar”, ou personificações, como em Moleque nos versos “Ah! Moleque, se um dia eu te pego // Erva daninha, estrepe// De ripa, marmelo te esfrego// Moleque, vem cá”. Ambas as obras tratam da ditadura em âmbitos diferentes, na primeira como um agente permanente de tortura e atraso, já na segunda como uma erva daninha que precisa ser cortada pela raíz.

Suas obras são reflexo da evolução e mudança na população na busca pela liberdade e a redemocratização, tanto é que as suas músicas mais críticas dão lugar para suas obras mais esperançosas e sentimentais ao longo do tempo. Um grande exemplo dessa mudança é Um Homem Também Chora (Guerreiro Menino), que sensibiliza inteiramente o homem, mostrando todas as suas fragilidades e necessidades, demonstrando na verdade ser uma pessoa como qualquer outra e que necessita de ajuda, de um abraço ao menos, pois ninguém é, nem tem de ser, forte o tempo todo.

Desde 1975 até o fim de sua vida prematura, em 1991, foi um artista independente e fundou durante esse período o selo Moleque.

Anos depois, em 2012, Gonzaguinha e seu pai ganham novo espaço nas telinhas com o filme de Breno Silveira, “Gonzaga: de Pai para Filho”, que retrata toda a relação conturbada entre os dois, a saúde frágil de Gonzaga Jr e a reaproximação dos dois, confira o trailer do filme:

GONZAGA – DE PAI PRA FILHO : TRAILER OFICIAL • DT

Por fim, é perceptível que o Gonzaguinha teve papel atuante na redemocratização do Brasil, mas também tratou sobre amor e sentimentalismo em suas obras, ou seja, um artista completo.